Fotos: César Greco/Palmeiras e Rodrigo Coca/Agência Corinthians
Existem vários jeitos de se jogar uma partida de futebol. Trocar inúmeros passes tentando envolver a defesa adversária, ir com tudo pra cima arriscando pro gol em qualquer espaço que aparece, entregar a bola para o adversário e explorar os contragolpes, enfim, várias formas, não existe um jeito certo. Porém, a cada dia que passa, vejo mais claramente como há uma confusão entre o estilo de jogo e a qualidade do jogo. Isso vale tanto para o torcedor quanto para a imprensa. As maiores vitimas? Os treinadores dos arquirrivais paulistanos: Sylvinho, do Corinthians, e Abel Ferreira, do Palmeiras. Começando pelo mais novo no cargo: Sylvinho foi anunciado pelo Corinthians no dia 23 de maio. O time oscilou bastante, de fato, até pelos problemas do elenco corinthiano, composto por jogadores muito jovens e veteranos em má fase. Porém, a evolução, apesar de lenta, era inegável, mesmo com uma certa irregularidade. Foi um jogador acima da média (Giuliano) entrar no time corinthiano para dar a estabilidade necessária e levar a equipe ao G6. Mesmo com a o bom momento vivido pelo time alvinegro, as criticas sobre o trabalho de Sylvinho seguem grandes, por ser um time que fica muito atrás e não parte pra cima. Aí que entra a confusão. Sylvinho é da "escola Tite", adepto ao estilo mais defensivo, estilo que levou o Corinthians aos principais títulos de sua história. Ou seja, não é um time que ficara em cima, com a posse de bola, pressionando o rival, mas é extremamente forte na defesa e muito perigoso no contragolpe. O time cumpre a estratégia desenvolvida pelo seu treinador e vem conseguindo os resultados, mas mesmo assim, vem criticas, quase sempre, inconsistentes ao treinador. Todos tem o direito de criticar, mas a partir do momento que você usa "O time não vai pra cima", fica claro que você não entendeu a proposta de jogo, ou você, simplesmente, não gosta da proposta e critica o treinador por usá-la, mesmo ela sendo bem executada. O mesmo serve para Abel Ferreira. O português, inclusive, já é vitorioso com seu estilo mais reativo, conquistou a Libertadores e a Copa do Brasil, mas mesmo assim vive recebendo criticas pelo seu estilo. Tudo bem que o Palmeiras de Abel teve seus tropeços recentes, tendo que enfrentar adversários que souberam neutralizá-lo, como CRB, Cuiabá e Fortaleza, mas o time está nas Semifinais da Libertadores, tendo dado um baile no rival São Paulo, e se encontra em 2° lugar no Brasileirão! Se você ver as criticas feitas aos dois treinadores, obviamente elas não tem o mesmo tamanho pelo fato de Abel já estar há quase um ano no Palmeiras e ter conquistado 2 taças, mas são parecidas: não tiram tudo que seus elencos podem entregar, não são mais agressivos, etc... Basicamente: as criticas, na maior parte das vezes, são direcionadas ao estilo dos treinadores, sem levar em conta se os times conseguem cumprir o que o treinador propõe. A partir do momento que você tem vários membros da imprensa incapazes de fazer essa diferenciação, ela pode acabar alimentando ideias erradas na cabeça do torcedor e jogando ele contra seu treinador, gerando termos desrespeitosos como "Professor Pardal", "Estagiário", coisas do tipo. Nós da imprensa precisamos fazer a autocritica e parar de embasar nossas criticas nas nossas preferências táticas. Essa eterna confusão entre estilo e qualidade só atrapalha o desenvolvimento de trabalhos no nosso futebol. Todos temos nossos gostos, mas devemos deixá-los de lado quando formos analisar um trabalho. Estratégias bem executadas devem ser elogiadas, não questionadas por serem diferentes do que você julga ser o ideal.
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