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A falta de atenção das instituições do futebol ao racismo dói

Foto do escritor: Alex YamasakiAlex Yamasaki

A maioria das entidades relacionadas ao futebol seguem sem se importar com o racismo: prevenção, atitude em campo e punição não têm protocolo que possa educar desde cartolas dos clubes até torcedores que visitam frequentemente os estádios


Punição ao Vitória por racismo contra Marega é ridícula. Foto: Reprodução / Instagram


A partida era acirrada. Dono da camisa 11, Marega acabara de marcar o gol que colocou o Porto na frente do Vitória de Guimarães — os Dragões venciam por 2 a 1 —, mas ainda restava metade do segundo tempo. Mais torcedores adversários se juntaram para ofendê-lo. Então, Marega chegou ao limite: imerso em sentimentos ruins, saiu de campo menos de 10 minutos após marcar seu gol. Seus companheiros, sem demonstrar solidariedade aos ataques que sofria, tentaram mantê-lo em campo, mas não conseguiram segurá-lo. Na saída para o vestiário, Marega até tentou ofender a torcida do Vitória. Em vão.


Os atos racistas dos torcedores do Vitória de Guimarães aconteceram no dia 16 de fevereiro. Nesta terça-feira, 3, o Conselho de Disciplina da Federação Portuguesa de Futebol atribuiu valores às punições: desde €7.140 por arremesso de cadeiras até €2.678 por 2 sinalizadores que foram atirados no campo — passando por entrada de materiais pirotécnicos e de sinalizadores. Por fim, uma multa que representa somente 4% do total de €17.941, no valor de €714, foi autuada por "insultos". O Conselho divulgou que está em andamento um processo disciplinar pelo racismo da torcida do Vitória, mas não apresentou novidades sobre o caso.


O racismo contra Marega e os atos em favor do atacante passaram pelas capas dos principais jornais e portais do mundo e, ainda assim, praticamente não houve punição, nem sequer uma regulamentação caso novos atos criminosos venham a acontecer, o que mostra a falta de preparo das instituições para dar suporte aos atletas.


Suporte dos companheiros e do clube é um dos caminhos enquanto as instituições seguem inertes. Foto: Reprodução / Instagram


A falta de amparo é tamanha que os próprios clubes e atletas estão se precavendo para novos casos. O Athletic Bilbao, por exemplo, conta em seu ataque com Iñaki Williams. Iñaki já sofreu com racismo na Espanha, fato que se repetiu contra o Espanyol, em 25 de janeiro. Os atletas, então, decidiram que se houver nova repetição de atos racistas contra Iñaki, o time todo sairá de campo em solidariedade ao companheiro.


Malcom sofre com racismo no Zenit e o clube não demonstra apoiar o brasileiro. Foto: Reprodução / Instagram


Os casos não param de se acumular: Dentinho e Taison na Turquia, Aranha no Rio Grande do Sul, Ballotelli e Lukaku na Itália. Outro caso que salta aos olhos é o de Malcom na Rússia. O atacante foi contratado pelo Zenit junto ao Barcelona e, desde seu primeiro minuto em campo, foi criticado pela torcida por ferir a cultura branca da equipe. O Zenit não defendeu seu jogador e Malcom, contratado no início da temporada 2019/20, entrou em campo apenas 3 vezes pelo time.


É preciso criar mecanismos educativos, protocolos para atos criminosos em campo e punições mais severas e céleres para os clubes envolvidos do que um processo disciplinar cujo resultado será divulgado quando a maior parte da mídia não estiver mais com o caso no escopo.


Atitudes racistas não têm espaço na sociedade atual e é hora da repressão à intolerância pelos meios legais, que infelizmente se mostram inúteis no combate à atitude criminosa na atualidade.

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