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Blog do Bosco: Vida longa ao "zagueiro camisa 10"

O blog rechaça as covardes acusações de racismo sofridas pelo zagueiro colorado e vem defender a sua pessoa e a sua função dentro das 4 linhas e 22 jogadores.

Reprodução: @robertrenan03


O pênalti perdido por Robert Renan eliminou o Internacional do Gauchão e abriu uma "caixa de pandora" de problemas não só para o atleta como para toda uma posição. Fora ataques baixíssimos, racistas e criminosos contra o excelente zagueiro colorado, o "episodio da cavadinha" abriu um pretexto para que os saudosistas destilassem todo o seu ódio com bons zagueiros.


Displicência ou não, era de conhecimento o estilo da batida de Robert Renan, que apesar de arriscada, funcionou enquanto jogador do Zenit e os mesmos críticos acharam lindo o "arrojo do zagueiro brasileiro". Como o mundo é redondo e gira tal qual o dedo do trem bala, houve uma hora que o "herói brasileiro na Sibéria" virou o "terrível vilão dos pampas" pelo mesmo ato, porém, com resultados diferentes.


O erro foi suficiente para que os fã clubes dos zagueiros Moisés ex Bangu, Odvan, João Carlos, William, Durval, etc... Surgisse das cinzas para falar mal de zagueiros que fazem coisas terríveis como: Dominar uma bola e construir jogo. "Zagueiro não pode jogar com peito para frente" disse um deles; Não sou ortopedista, mas acredito que jogar sempre com a cabeça baixa possa lhe causar uma enorme dor de coluna.


"O excesso de confiança desses beques que jogam pisando na bola e acham que são meias será o fim do futebol". Bem, eu nunca vi ninguém achar ruim um atleta ir a bola na marca da cal confiante de que irá acertar, a batida pode ter sim sido displicente, mas dizer que ser bom de bola gera uma "confiança desnecessária" é um misto enorme de perseguição, má vontade e revanchismo.


Apesar de não serem enormes cobradores de pênalti, nomes como Mauro Galvão, que jogou de volante no Bangu, Julio César, Aldair, Juan, Válber, Júnior Baiano (que merecidamente tem fama de carniceiro, mas era bom de bola) e mais recentemente Thiago Silva e Beraldo jamais foram criticados por terem categoria, pelo simples fato da categoria te livrar de falhas defensivas bisonhas como muitas causadas pelos "Tonhões" da vida e por ser algo a mais no jogo de um defensor.


Muitos escaparam de criticas pela cor de pele, por jogarem boa parte da carreira no velho continente, por terem atuado entre 1980 e 2010 e alguns apanham por algo extra campo, como é o caso do próprio Thiago no choro versus o Chile, contudo, poucos foram aqueles que em um momento de pressão como disputa de pênaltis, botaram a bola debaixo do braço e foram a marca da cal.


A figura do zagueiro bom de bola, do "meia que joga entre os laterais e também desarma" é crucial para o futebol moderno, quem é contra são pessoas que ficaram presas em uma época "mais simples", onde o time talvez fosse melhor do que hoje, onde ele tinha mais cabelo, era mais jovem e muito provavelmente não tinha nenhuma conta para pagar. Essas pessoas precisam entender que junto com o mundo, o futebol é uma grande metamorfose ambulante.


Felizmente, nesse fim de semana pascoal tivemos duas alterações que além de me chamarem muita atenção, comprovam a importância do "zagueiro, peito para frente, bola no pé e passe longo" no esporte atual. A primeira delas foi a consistente atuação com a bola do zagueiro Bruno Fuchs, contra o Cruzeiro na final do Mineiro.


Na estreia de Gabriel Milito, o ex zagueiro e atual comandante do Galo deixou seu cartão de visitas com a clareza de que gosta que ao menos dois defensores do trinco de zaga saibam trabalhar com o pé e foi ai que nosso "herói" se destacou. Trabalhando como o "libero", era responsável por carregar e distribuir a bola do meio campo para frente, com passes verticais e com desarmes altos, fortes e precisos em caso de contra ataque. Fora isso, abriu como um "ala esquerdo" em determinados momentos do jogo.


Por aquele corredor esquerdo, marcou um golaço digno de placa e elogios de Paulinho e Hulk. O camisa 3 pegou a bola já próximo a grande área e demonstrando uma enorme qualidade com a bola no pé, fez gato e sapato da defesa celeste, infiltrou na grande área e bateu sem ângulo. Um golaço que só alguém que é dotado de uma grande técnica seria capaz de fazer.


Fora isso, aqueles que apreciam números com contexto ficaram agrados em saber que o atleticano obteve 91% de acerto no passe, 43% de acerto nas bolas longas, teve 69 ações com a posse da bola e a sua maior zona de atuação foi centralizado na intermediaria do campo. Houveram sim erros, algo natural para um inicio de trabalho, porém, se não fosse o senhor golaço de Fuchs tratando muito bem a pelota e subindo, coordenadamente, ao ataque, o Galo sairia perdedor do confronto.


Atravessando o Atlântico, desembarcamos em Manchester, no Etihad Stadium, onde apesar do 0x0, vimos muito bem o tamanho da importância de ter bons zagueiros no elenco, tudo isso graças a Josko Gvardiol. A temporada do croata mais badalado do mundo pós copa de 2022 pode e merece ser passível de criticas, porém, é inegável que sua categoria agrega demais a equipe dirigida por Pep Guardiola.


Como Pep abdica do uso de laterais de oficio desde o desentendimento com João Cancelo, Gvardiol foi escalado como o 4o zagueiro aberto pela esquerda, tal qual Edinho na preparação da copa de 1978. Nessa função, o camisa 24 compacta como zagueiro sem a posse e atua quase como um meia esquerdo com ela, trocando de posição muitas vezes com Foden e Grealish durante a partida.


Nesses moldes, foram 93 ações com a bola, muitos cruzamentos e 87% do acerto do passe. Explicando esse caminhão de números: O atleta forneceu ao Manchester City segurança ao manter a bola no ataque, qualidade ao fazer ela circular em meio a uma partida muito ruim de Kevin De Bruyne e ser a válvula de escape para cruzamentos quando os pontas estavam encaixotados.


Apesar de uma partida muito ruim do City, a qualidade e a consistência de Gvardiol foram peças chaves para que o time sofresse poucos contra-ataques pelo lado esquerdo e conseguisse, com alguma dificuldade é verdade, rodar a bola com qualidade em busca de um espaço para finalizar.


Esses foram apenas dois pequenos exemplos de que saber jogar futebol é importante para as 10 posições da linha, e que quanto mais jogadores contribuírem para a criação e para a conclusão de jogadas, melhor. Qualquer mínimo erro em um esporte de alto nível, ainda mais um lotado de tanto fanatismo, é motivo o suficiente para ser criminoso contra uma pessoa e colocar o seu gosto pessoal acima das realidades do mundo.


Quem dera o futebol fosse feito de Robert's Renan's, zagueiros habilidosos, bons de bola, que tem nível de seleção brasileira e agregam em qualquer elenco. Que os criminosos que o atacam sejam cada vez uma minoria e que futuramente sejam extintos. Um erro em um esporte que deveria trazer amor e alegria as pessoas não pode ser motivo de despejar preconceito e raiva em cima de alguém que errou, mas que com toda certeza dará a volta por cima.


Para aqueles que se aproveitaram do fato para atacar a evolução do esporte, saiba que ele não vai regredir, e isso é o melhor para todos. Zagueiros que batiam muito foram e de certa forma ainda são importantes, mas faz parte da evolução do esporte que eles percam seu espaço para pessoas que entrem com o intuito de jogar futebol ganhe os holofotes. Quanto mais bola em jogo, quanto melhor os passes trocados e quanto mais limpos forem os desarmes, é melhor para todo mundo envolvido.


O futebol não vai parar de evoluir, mas quem acompanha tem que evoluir. Seja quem pede para que os jogadores finjam ser piores, seja para quem usa de pano de fundo para ser criminoso. O Século XXI não é apenas colocar 20 no lugar de 19, é pensar novo, se despir de conceitos e preconceitos, o primeiro que veio se apagando conforme o esporte evoluiu e o segundo que jamais deveria ter existido.


Que Robert Renan dê a volta por cima não apenas do pênalti, mas de todo o mal que isso causou a ele. Para aqueles que cometem racismo, que a punição seja bem aplicada e que jamais metam um esporte que faz tão bem a tantas pessoas no meio da sujeira de vocês.


Aos que não podem ver um zagueiro dominar uma pelota que já se esquentam, só não sugiro mudar de esporte porque todos os esportes estão mudando, então se fica de consolo, deve ter muito futebol antigo onde os zagueiros bicavam a bola e a canela adversária para você se divertir, a Internet é um espaço bem maior do que abrir redes sociais para falar besteira e distribuir saudosismo.


Uma feliz, prospera e vitoriosa carreira ao Robert Renan, muita calma aos saudosistas, um abençoado ano para quem leu e uma vida longa e prospera para os "zagueiros camisas 10" e o futebol moderno.


*As opiniões aqui emitidas, são de total responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a opinião do Dimensão Esportiva.

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