A crônica do jogo que classificou a Portuguesa de volta para a série A1 do Paulistão
Era um sábado de sol em São Paulo. Mesmo que domingo possa ser considerado o dia perfeito do futebol, esse final de semana não, sábado era dia de futebol.
Eu conheci a Lusa quando tinha meus 12 anos, lembro vagamente do tapetão que ocorreu em 2013. Mas era massacrante ver um clube como a Portuguesa ano após ano definhar.
Não sou torcedor do clube, não sou descendente de português, tampouco moro nas redondezas, mas nossa, que clube potente. Digo isso, pois diante da minha insignificância entre os torcedores lusitanos, eu senti por 90 minutos o chão tremer e o rio Tietê criar ondas.
O estádio respirava tensão. Sabe aqueles dias abafados em que você sempre tem que limpar o suor da testa? Todos os 12 mil presentes no Canindé sentiram isso. Não era somente uma partida de 90 minutos. Eram 7 anos entalados na garganta.
O jogo em si, foi coadjuvante, desculpe-me o leitor que queria uma análise aprofundada da partida. A Portuguesa vinha com uma vantagem de 1 gol contra o Rio Claro. Decidia em casa a semifinal, o regulamento previa que a equipe que passasse para a final, estaria no Campeonato Paulista A1 do ano seguinte.
Era só um gol para ampliar a vantagem para cima do Rio Claro. E o gol veio, o estádio explodiu, um bate e rebate que resultou em um bonito tento. 1 x 0 para a Lusa, pais e filhos se abraçando. A arquibancada aumentava o volume, era lindo ver aquilo tudo acontecendo. Arrepiante.
O segundo tempo foi nervoso, um golaço do Rio Claro colocou o estádio no suspense. O 1x1 ainda era da equipe do Leão. A irritação aumentava, o juiz ouvia com carinho cada xingamento. Até o gandula teve seu momento de glória contra a comissão técnica do Rio Claro, o que resultou na expulsão de um dos membros da equipe do interior.
E o tempo passava, cada falta marcada pelo juiz era um martírio. Cada contra-ataque perdido era mais sofrido que o normal, os anos latejando na cabeça. Aos 80”, a torcida liga as lanternas dos celulares e começa um outro tipo de show. 5 minutos depois, os jogadores começam a puxar os torcedores, estava acabando o jogo. 7 anos.
E aquilo tudo novamente arrepiava. O Canindé, o estádio que se recusa a ser esquecido, berrava por uma tarde de futebol! Fim de jogo. A Portuguesa estava novamente na elite do futebol paulista. O futuro não sabemos, mas finalmente, a felicidade, uma faísca dela, estava presente.
Ao olhar para os lados, indo embora, o que eu mais ouvia era essa frase: Conseguimos, pai. Conseguimos! A Portuguesa subiu!
header.all-comments