Reprodução: El Gráfico
O futebol chora, a Argentina sangra, o mundo lamenta. Como se já não fosse um ano difícil, 2020 nos deu mais um duro golpe. Quarta-feira, dia 25 de novembro, o dia em que perdemos Diego Armando Maradona. Essa partida repentina foi o encerramento do extenso e empolgante livro que foi a vida de Diego, que começou a ser escrito lá na cidade de Lanús, província de Buenos Aires, no dia 30 de outubro de 1960.
Diego pode não ser o melhor jogador de futebol que já existiu, pode nem sequer ser o melhor jogador que a Argentina já produziu, mas as coisas que ele fez com a bola no pé foram inigualáveis. Foram coisas que quebraram qualquer barreira que o esporte poderia impor. Maradona foi muito mais do que um jogador de futebol. Com certeza, ele fica para a história.
Ficam para a história os dois lendários gols, sendo um deles o lance conhecido como "La Mano de Dios", contra a Inglaterra na Copa do Mundo de 1986, sendo eles a mais perfeita sensação de revanche para o povo argentino pela Guerra das Malvinas, conflito armado entre argentinos e ingleses em 82.
Fica para a história como, em meio aos estrelados Juventus e Milan, ele levou o pequeno Napoli ao topo do futebol italiano, conquistando dois campeonatos nacionais e uma Copa da UEFA (antigo nome da Liga Europa).
Fica para a história como, na Copa de 1990, disputada na própria Itália, ele convocou a torcida do Napoli a torcer pela Argentina, contra o time da casa, na semifinal:
"Durante trezentos e sessenta e quatro dias do ano, vocês são considerados pelo resto do país como estrangeiros e, hoje, têm de fazer o que eles querem, torcendo pela seleção italiana. Eu, por outro lado, sou napolitano durante os trezentos e sessenta e cinco dias do ano" - disse Diego, as vésperas da partida da semifinal.
Ficaram para a história, não apenas as coisas boas, mas os problemas extracampo também. Problemas com entorpecentes, doping, uma vida de astro do Rock. Mas isso serve só para reforçar como funciona a idolatria que o povo argentino tem por ele.
Quando um argentino se refere a Maradona como "Dios", não é com a intenção colocá-lo em uma condição de perfeição, mas sim colocando tudo que ele fez pelo povo argentino acima de qualquer falha que ele tenha cometido como ser humano. De fato, para o argentino, não importa o que foi Maradona em sua vida pessoal, mas sim, o que ele foi para o país.
É difícil até pensar direito quando alguém tão grande quanto Maradona se vai. A ficha demora para cair, você custa a acreditar que é verdade, torce com todas as forças para que seja mentira. Realmente, um golpe duro.
O que resta? Resta celebrar. Celebrar a memória de Diego. Celebrar o que ficou. Celebrar os seus feitos. Para os mais velhos, celebrar o fato de ter visto Diego desfilar seu talento em campo, pois esses foram privilegiados, assim como os que viram Pelé, Puskas, Di Stéfano, Leônidas, Garrincha e tantos outros craques, todos privilegiados.
Celebremos Diego! Celebremos, pois, é aquela história: os ídolos não morrem, viram lendas.
Descanse em paz, Diego Armando Maradona.
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