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Foto do escritorIvan Pignatari Jr

Lázaro e seu maior pecado: não ter sotaque


Foto: Agência Corinthians Fernando Lázaro. Filho de um dos maiores ídolos do Corinthians, Zé Maria, recebeu a árdua missão de começar sua carreira como treinador do clube onde seu pai brilhou. Analista de desempenho até 2022, com apenas 9 jogos exercendo a função de técnico interino, deixou todos com um pé atrás, inclusive quem escreve esse texto. Será o novato capaz de resolver os problemas de uma das maiores e mais importantes equipes do futebol brasileiro? Será que ele está, de fato, pronto para assumir essa bucha?


Bom, até agora, tem mostrado que sim. Apesar de uma estreia ruim contra o Bragantino, o clube do Parque São Jorge tem conseguido apresentar bom futebol na maioria dos jogos, além de estar conseguindo resultados, como uma vitória gigante sobre o São Paulo, Morumbi. Houve jogos onde o time apresentou bom futebol mesmo sem a vitória, como o empate no Derby contra o Palmeiras, onde a torcida alvinegra ficou com aquele gosto amargo que dava para ter vencido o jogo.


Mas, mesmo com os bons números e bom desempenho na maioria dos jogos, percebe-se que as críticas, principalmente da torcida, não correspondem com os problemas que o time ainda tem.


O time de Fernando Lázaro ainda precisa evoluir muito para competir com os principais elencos do país, isso é fato e ninguém pode negar, mas as criticas são extremamente exageradas.


A prova cabal: no último domingo, após a vitória de 3x0 sobre o Mirassol, ficou notório como o Corinthians está com um ataque afiado e uma defesa desafinada que precisa de ajustes. Mas, nas redes sociais, foi a minoria que criticou isso. O que se viu foram as mais diversas formas de desrespeito ao profissional, coisas como "covarde", estagiário", "burro", entre muitas outras. O motivo? Não ter colocado Pedro, moleque de 16 anos e joia da base, em campo. Quem escreve essa coluna é uma pessoa que queria muito o garoto em campo, mas também fica impressionado, porque nem parece que a torcida que cai matando no treinador por não escalar o moleque é a mesma que define como bagre qualquer garoto da base.


Se dependesse desses mesmos torcedores, Roni e Adson, que vem sendo destaques do time nesse início de temporada, nem estariam mais no clube.


Querem o moleque em campo por quê? Serão os primeiros a chamar de bagre quando ele der o primeiro passe errado e bater palma para a diretoria quando ele for vendido por um preço muito abaixo do seu valor real.


Mas, como é um técnico novo e brasileiro fazendo isso, a torcida não tem paciência com nada. Tudo vira motivo para criticar. O antecessor podia fazer o que bem entendesse, falar o que bem entendesse, que sempre a torcida passava pano, só porque ele tinha sotaque português. Lázaro vem com humildade, buscando extrair o melhor de cada jogador para tornar o Corinthians mais forte, nem que ele precise jogar em esquemas diferentes do que ele gosta, e parece que todo dia precisa se provar. Se não fizer tudo que a torcida quer, sempre será alvo dela. O trabalho do antecessor era ruim? Não. Ele era o melhor nome para assumir? Não. Ele comete erros? Sim. Porém, ele tem apenas 10 jogos como treinador efetivo do clube e o time já está num estágio bem mais avançado do que nos 10 primeiros jogos de todos os técnicos que passaram pelo Corinthians depois de Carille.


Pode ser que no fim do ano ele tenha sido um fracasso? Pode, pois o futebol não é e nunca será uma ciência exata. Mas, ele merece um voto de confiança, coisa que o antecessor conseguiu por muito menos.

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