Este fim de semana marcou a volta dos campeonatos estaduais, bem como o início do calendário futebolístico brasileiro em 2024. O ano, que mal iniciou, foi marcado por diversas mudanças na mídia esportiva brasileira e que beneficiou demais os estaduais, que por muito tempo estavam (e estão) com inúmeras campanhas pedindo o seu fim. Infelizmente, a primeira rodada dos Campeonatos Paulista e Carioca foi marcada com inúmeros problemas técnicos em suas geradoras, o que prejudicaram demais as detentoras dos direitos de imagem, e consequentemente, algumas emissoras de rádio e webrádio que utilizam as imagens destas detentoras para a descrição dessas partidas.
A mais sentida foi no empate entre Palmeiras X Novorizontino em 1 a 1, pelo Campeonato Paulista, ocorrida neste domingo (21), cuja peleja foi transmitida pela plataforma CazéTV no YouTube. Obviamente, muitos reclamaram (e com razão) do infortúnio e queriam uma explicação a respeito. Só que ao mesmo tempo, reacendeu um monstro perigoso e nocivo para a mídia esportiva nesse entrevero: As pessoas órfãs das transmissões feitas pela TV Globo. Entre tantos pedidos de “Volta Monopólio”, além de chamarem a emissora fluminense de “Mamãe”, estes fazem questão de desqualificar as equipes atuais, e exaltar a global, que já passou por problemas parecidos e que está longe de ser a mais perfeita transmissão do Brasil.
“Mas Rui, você está desqualificando a equipe da Globo?” Claro que não, este artigo não vai criticar narradores e repórteres da emissora, que são grandes profissionais e isso é incontestável. Apenas mostrei e vou mostrar, em formato de opinião, que toda essa mitificação ao entorno da Globo em suas transmissões esportivas, exploram o tanto que o tal monopólio (que muitos querem que retornem) foi prejudicial ao mercado da mídia e criou um antro de pessoas mal-acostumadas, ignorantes e preguiçosas, que não querem se dar ao mínimo esforço de procurar onde vai assistir ou trocar do Canal X, onde fica a Globo, para o Y, onde fica uma Bandeirantes, por exemplo.
E isso é tão verdade, que a própria Globo sentiu o peso da sua ganância na pandemia em 2020, quando abriu mão de diversos direitos de campeonatos ou eventos esportivos, em troca de uma oferta menor para as organizadoras, ou porque não teve mais nenhum interesse sobre aquele evento, e um desses exemplos dessa última colocação, são justamente os campeonatos estaduais. Tanto que a emissora teve diversas chances de readquirir, tanto o Paulista, quanto o Carioca, porém, não se interessou, ou até mesmo ofereceu uma oferta insignificante para as Federações. E as gordas ofertas que a Globo dava também mal acostumaram essas organizadoras, tanto que tiveram que pulverizar a distribuição de direitos para várias plataformas para dar o mesmo valor ou até superior que isso. E, para o desespero desses órfãos da Globo, é um caminho que não terá mais volta e a própria Globo sabe bem disso.
Sabe o que isso significa? Não, a Globo não quer mais monopolizar o esporte e, como uma empresa antenada nas tendências do mercado, sabe que isto causaria mais prejuízos aos cofres do grupo. Tanto que em todas as renovações de direitos de transmissão, a Globo não exige mais qualquer tipo de exclusividade, apenas a uma plataforma específica. Sem contar que, voltando aos estaduais, toda essa desfaçatez de direitos era uma bandeira levantada pelos fluminenses de acabar com os estaduais e ter o seu bem mais precioso, o Brasileirão, com um calendário maior, o que não foi pra frente, pelo menos, não por enquanto. “Mas Rui, a Globo possui direitos de alguns estaduais”, sim, é verdade, mas alguns deles só permanecem com ela, por pura falta de concorrência, como o Mineiro, Gaúcho e o Pernambucano. Além disso, algumas afiliadas possuem direitos de estaduais por méritos e valorização de iniciativa própria, como a NSC com o Catarinense, a TV Centro América com o Matogrossense, a TV Cabo Branco com o Paraibano e a TV Verdes Mares com o Cearense.
Outro fato que temos que bater de frente: Sim, é verdade que a Globo faz transmissões esportivas de qualidade, o que não a faz ser uma “deusa” da mídia esportiva. Sem contar que isso é nada mais que a OBRIGAÇÃO dela, até por ser a segunda maior emissora do mundo e a primeira do Brasil. Imagina ter esses dois títulos e anos e anos a fio de monopólio e entregar uma transmissão ruim? E ela já passou, sim, por problemas técnicos iguais aos que a CazéTV passou no jogo deste domingo. Só que os tempos mudam e hoje as próprias organizadoras, como a Conmebol, realizam geração própria, tendo as emissoras só terem a preocupação de montar equipes e mandar repórteres. Porém, o que desmontaria esse discurso dos órfãos globais, de que a Globo voltando, voltaria tudo a conta dela, é que quando o Premiere, Pay-Per-View da Globo, possuía os direitos do Paulistão nesta fase atual até o ano passado, retransmitiu todos os jogos com o sinal da Federação Paulista. Ou seja, mesmo a Globo voltando, a Federação Paulista continuaria gerando jogos.
Para encerrar, volto ao discurso do terceiro parágrafo: A Globo sim, tem grandes profissionais, que entregam uma ótima cobertura esportiva. Porém, CazéTV, GOAT, SBT, Record e Bandeirantes também possuem. Cada desqualificação aos profissionais daqueles que acabei de citar, é um desrespeito até mesmo aos profissionais da Globo. Ao contrário dos órfãos globais, nem todos os profissionais possuem inimizades devido à concorrência. Todos os profissionais têm defeitos, é verdade (Já reprovei muitas coisas do Téo José nas transmissões da Libertadores no SBT, por exemplo), porém exaltar uma emissora devido a ego, é uma forma de rebaixar todos aqueles que suam para entregar o melhor ao telespectador ou internauta. Eles merecem respeito!
Este artigo, em nenhum momento, quis minimizar os problemas técnicos da Federação Paulista e Fluminense de Futebol na geração dos seus estaduais. Elas precisam sim se explicar e dar um posicionamento ao seu público, junto das produtoras responsáveis. Porém, é inaceitável que o ego e a preguiça de algumas pessoas, desqualifiquem um batalhão de profissionais das detentoras que trabalham duro para oferecer o melhor, devido a questões que fogem da responsabilidade deles. É difícil se familiarizar com a quantidade de opções? Claro que sim, porém, essas opções existem e tem sim que ser celebradas, é uma tendência de mercado que, repito, não tem mais volta, e assim como a “Mamãe Globo”, vocês precisam aceitar isso. Em curtas palavras: O monopólio não volta mais, nem fazendo promessas, amarrando fitas na grade da Von Martius no Jardim Botânico! Entenderam ou preciso desenhar?
*As opiniões aqui emitidas, são de total responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a opinião do Dimensão Esportiva.
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