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OPINIÃO: Os novos reis do clássico!

Em meio a inúmeras cobranças, Pulga e Machuca vem conquistando o espaço em campo e no coração de tricolores e alvinegros.



Fortaleza e Ceará protagonizaram um jogo histórico, o primeiro 3x3 em 23 anos trouxe a tona vários heróis e vilões, entre eles, nomes que crescem a cada partida disputada e que apesar de chegarem em seus clubes com contextos diferentes, tem um caminhão de semelhanças.


Erick Pulga chegou ao vozão após um primeiro semestre de muito destaque no Ferroviário. Principal parceiro de Ciel no Tubarão, entrou para o hall dos jogadores que atuaram pelos 3 grandes da capital e chegou com uma tímida aposta em um time que guinava. á época, a uma reconstrução e mudança de filosofia.


Começou como um tímido reserva, sempre ganhando seus 20 minutinhos para tentar algo que derrubasse os titulares Erick e Janderson, mas pela falta de tempo, entrosamento e os cenários encontrados quando ia a campo, o jovem atacante não conseguia o mesmo destaque dos tempos de coral, era chamado de peladeiro por alguns torcedores mais imediatistas e para muitos, deveria ser emprestado na temporada seguinte.


A chegada de Vagner Mancini, somada a saída de Erick e a perca das possibilidades matemáticas de acesso fizeram o Ceará se concentrar mais no uso de jovens promessas da base e jogadores jovens com contrato válido para 2024; Pulga se incluía no ultimo item. Apesar de não ter feito nenhum jogo espetacular, sua vontade de melhorar e evoluir conquistaram o coração do treinador alvinegro e o trabalho duro foi recompensado com um gol, seu primeiro vestindo preto e branco, contra o Mirassol, na 36a rodada da Série B.


Ano novo, vida nova. O Ceará se reformulou em quase todos os setores possíveis, incluindo o elenco. Ao todo, 16 novas contratações, porém, nenhuma delas foi capaz de tirar a ideia de Mancini em apostar no garoto pulga.


Primeiro jogo da temporada, uma partida discreta. Apesar de muita vontade e a assistência para o gol de Aylon, o ponta errou muitos dribles fáceis e não fez um jogo positivo no quesito construção.


Segunda partida, mais confiança, mais acerto. Mesmo sem contribuir com gols, Pulga fez uma partida decente e consciente em tudo que foi exigido. Bons dribles, bons passes, coragem para chutar, uma notória e positiva evolução.


Na terceira exibição do ano, um show completo. Comandou a sonora goleada por 6 tentos a 0 contra o Atlético Cearense. Apesar do baixo nível técnico da Águia da precabura, o jogo foi bom para criar saldo, dar mais moral ao time e carimbar de vez o nome do camisa 16 como referência no ataque alvinegro.


Contra o Caucaia, mais dois gols, outra boa atuação e um notório crescimento. Contra o Altos, mostrou que adversidades não seriam problemas, uma vez que no apagar das luzes, fez o gol salvador que evitou a derrota do Ceará e mostrava que mesmo em dias ruins, ele poderia ser a salvação.


Segunda contratação mais cara da história, na época a mais cara, e com a missão de substituir apenas o melhor atacante do time, Imanol Javier Machuca desembarcou a capital cearense cheio de sonhos e confiança. Já na coletiva de apresentação deu a letra e esbanjou firmeza nas suas declarações. "Eu sou melhor que o Moisés" foi a frase que mais marcou a apresentação do desconhecido atacante.


Precisou de duas partidas como titular para marcar seu primeiro gol, e foi em uma grande atuação contra o Santos. 4x0 em casa, muita personalidade do argentino em campo e a quebra do jejum de vitórias do tricolor em campeonatos brasileiros. Contudo, nem tudo seriam flores na temporada de estreia de Machuca.


Irregularidade e problemas de adaptação fizeram com que o camisa 39 virasse banco e ouvisse muitas criticas, a maioria infundada e advinda de torcedores imediatistas com uma grande saudade de seu antecessor. Apesar de dois gols no ano, a temporada foi ruim por N motivos e muitos já queimavam o garoto, falavam que "foram os 13 milhões mais mal gastos da história do Fortaleza".


2024 poderia ser um ano de afirmação. Descanso, pré temporada, ânimos mais calmos na arquibancada, tudo jogava a favor de Imanol Machuca. Começou no banco contra o Horizonte, mas entrou bem, jogando centralizado, com liberdade de movimentação e ajudando muito na construção de jogo, definitivamente mais relaxado em campo.


Contra o Barbalha, continuou fazendo a mesma função, dessa vez de maneira mais discreta em meio a um sonoro 5x0. Passou duas partidas sem atuar e retornou no clássico contra o Ferroviário. Jogou todo o segundo tempo e foi responsável por ser a única armação de um time que só sabia cruzar bola na área, e foi dele o gol do empate, já nos acréscimos. Contra o CRB foi jogado em uma fogueira e contra o River fez um jogo bem discreto.


Dois jogadores que chegaram com expectativa, sofreram com um primeiro ano de muito impacto e que com confiança foram angariando seu espaço, cada um a sua maneira e com seu determinado efeito em suas equipes.


O Ceará se utilizou bem mais de jogadas pelo lado direito, não a toa seus dois gols saíram por ali, contudo, isso não impediu que Erick Pulga fizesse alguma fumaça pelo lado direito e gerasse alguns bons lances "instagramavéis" em cima de Tinga e Britez. Apesar de seu papel na segunda etapa ter sido reduzida a um mero ancora de contra-ataques, foi nessa função que ele arrancou para a jogada do pênalti de empate.


Já Machuca foi bem mais protagonista. Nos moldes de sua partida contra o Ferroviário, teve liberdade de se locomover. Atuando principalmente pela direita do campo, se movia muito pela esquerda, gerando imprevisibilidade e uma enorme dor de cabeça para Raí Ramos e Matheus Bahia. Pelo lado direito, o argentino gerou bons passes para finalização e escanteios que originaram dois gols, pelo esquerdo, um golaço que naquele momento, virava a partida a favor do Fortaleza.


O imediatismo sempre irá existir, é algo factual com o futebol, contudo, devemos torcer para que ele não derrube grandes atletas pelo caminho. Ninguém custa 13 milhões sem motivo, o futebol argentino joga em outra rotação, são mais viagens, o clima é diferente, o Fortaleza usa bem mais a bola que o Union, tudo isso são coisas que dificulta a adaptação de um atleta que demonstra muita qualidade, mas precisa caminhar para a constância.


Da mesma forma que a pressão de atuar no Ferroviário é diferente da pressão de vestir a camisa do Ceará, um atleta precisa de tempo para digerir uma nova realidade financeira, um novo clube, uma nova função. Alguns fazem isso instantaneamente, outros demoram bem mais, mas nunca existe um tempo exato, a única certeza é que determinados atletas precisam de paciência para desabrochar.


Seja sendo a referência técnica da equipe ou o único jogador criativo da mesma, Pulga e Machuca enfrentaram situações muito parecidas, apesar das expectativas criadas terem sido bem diferentes, a cobrança e corneta ocorreu no mesmo tom, e eles precisaram de algum tempo para responder isso de forma correta.


Enquanto a torcida do Ceará espera um Pulga cada vez mais decisivo, a do Fortaleza busca um jogador capaz de não só ajudar armando jogadas, como ser o ponta finalizador que a equipe sempre utilizou, ainda mais em um cenário onde: Moisés está em baixa, Marinho idem e o Pedro Rocha sem ritmo. Não é só o terreno perfeito para crescer, é o terreno ideal para jogar bem e se consolidar como titular.


Sem um rival na posição e aparentemente sem ninguém com força o suficiente para ser o rosto do time, Erick Pulga dá passos largos para ser mais um xodó alvinegro, não apenas pelo carinho que tem com a equipe como também pelas boas atuações que vem tendo desde que se tornou titular. Mesmo que chegue um reserva, é muito difícil que ele ganhe a posição em pouco tempo.


Cada um a sua maneira, Machuca e Pulga espantam críticos, ganham fãs, conquistam respaldo do treinador e carimbam seus rostos como figurinhas que são muito importantes, seja como o 12 jogador que põe fogo na partida e que tá batendo na porta dos 11 iniciais ou como o cara que vem desequilibrando jogo após jogo.


Jovens, seja no esporte ou na vida, necessitam de muita paciência, felizmente para nós amantes do esporte, torcidas de ambas as equipes e os respectivos treinadores, os tão criticados "meninos" de Fortaleza e Ceará começam a gerar frutos, e a paciência deve se tornar retorno esportivo e financeiro em não muito tempo.



*As opiniões aqui emitidas são de total responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a opinião do Dimensão Esportiva.

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