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OPINIÃO: Só apreender pirataria não basta, Marcas esportivas precisam rever mercado


Foto: Divulgação/SCT Todo Dia.

Recentemente foram divulgadas inúmeras matérias, em vários portais de notícias pelo Brasil, afirmando que as grandes marcas de produtos esportivos tiveram um prejuízo bilionário devido a pirataria. Seja via importação ou camisas consideradas “de camelô”, é evidente que a pirataria é o meio mais frequente do brasileiro médio obter a camisa do seu amado time. E isso se deve ao fato de que as camisas oficiais não se adequam a realidade dos seus consumidores, onde as vezes a camisa do clube mais popular do país custa 50% de um salário mínimo.


E isso não é algo recente, no ano 2000 a camisa oficial do Fortaleza Esporte Clube custava seus 70 reais. Um preço justo e acessível... Para os padrões de hoje, pois na época, o salário mínimo era de 141 reais. Provando que algo muito simples e usual em outros países, é um artigo de luxo para o Brasil.


Na Argentina, o valor chega a 21% de um salário mínimo, que para muitas pessoas ainda pode ser um preço salgado, mas que é bem mais justo que 50%. Mas como pode uma empresa se adequar melhor a uma inflação maior e a um país com uma crise econômica mais grave do que no país mais forte da américa latina?


Camisa do Fortaleza em 2000. Foto: Brechó do Futebol.

Talvez a falsa visão de que o Brasil tem uma economia forte tenha feito as grandes grifes adotarem uma política de preço mais salgada para o povo tupiniquim, ou os preços abusivos de taxas e impostos nas camisas de grandes companhias podem elevar o preço. Mas, independentemente do real fator, essa política deve ser revista com urgência, graças a evidente perda de mercado para os produtos “paralelos”.


Mesmo com alguns clubes tendo produção própria e/ou nacional, as camisas ainda circulam em uma faixa entre 250 e 350 reais, continuando a ser um preço muito salgado, e com uma margem de lucro absurda, pois o custo de importação é inexistente, porém a logística e terceirização fabril são acompanhadas de largas cargas tributarias, que talvez se reduzidas barateassem e muito o custo de produção e posteriormente venda. Mesmo que para a vinda ao consumidor final, ficaríamos a cargo de dirigentes, tendo que confiar se os mesmos não iriam ter lucros absurdos em cima do produto.


Mesmo com todas essas explicações, o consumidor médio ainda não irá dar seus 300 ou 400 reais em uma camisa, quando se tem a mesma por 30, 40, ou 50 reais, mesmo de qualidade bem inferior. A grande verdade é que o torcedor comum não liga para o lucro em venda, selo de autenticidade, dry-fit, ou qualquer outro termo que possa ser usado para convencer a compra de um produto original, ele quer apenas se sentir representado, vestir a armadura do seu amado esquadrão, colocar o escudo, mesmo que muitas vezes, mal feito, acima de seu peito, ele quer se sentir um 12º jogador pagando pouquíssimo.


No caso dos mais jovens, a intenção de compra muda ligeiramente. Nos tempos de “culto as grandes marcas”, andar ostentando o emblema de uma Adidas, Nike, ou Puma é algo muito comum entre os adolescentes e jovens adultos do país. Estes que por muitas vezes por terem menos gastos que um adulto com família, recorrem as famosas lojas de “imports”, que importam camisas tailandesas, que possuem mais detalhes e são mais fidedignas aos modelos originais. É claro, que pela maior qualidade, as camisas também têm um preço mais elevado, chegando em média aos seus 120 reais, que para muita gente é o valor ideal para materiais esportivos.


Para evitar prejuízos, as marcas precisam rever muitos conceitos de produção e venda. No caso das marcas nacionais, talvez renegociar preços de logística seja a saída mais simples, e nos casos das gigantes do mercado, negociar uma taxação menor, ou tentar nacionalizar sua produção para o consumidor brasileiro, que por sua vez é sedento por camisas, mas carente em condição financeira.


*As opiniões aqui emitidas são de total responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a opinião do Dimensão Esportiva.



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