O confronto entre Ravens e 49ers era o mais aguardado da rodada. O melhor time da AFC versus o melhor time da NFC. O queridinho dos fãs versus O underdog. E principalmente, o duelo dos dois QBs melhores cotados para MVP.
O duelo defensivo também era muito aguardado. Duas defesas explosivas, completas, mas cada uma à sua forma. San Francisco conhecida pelo seu Pass Rush explosivo e Baltimore por sua capacidade de marcar bem os alvos e de mover uma marcação dupla quando a bola sai das mãos do QB. O funcionamento das defesas dependeria de quanto os QBs aguentariam sem sua OL inteira e, nesse quesito, Lamar Jackson passeou no Levi Stadium.
Com muita velocidade, agilidade, playactions espetaculares, escalando o pocket com maestria, escapando de vários sacks, Lamar Jackson fez um verdadeiro recital de futebol americano na noite de Natal.
Mesmo com a enorme pressão e o desmonte de sua OL após cada snap, Lamar se utilizava da sua mobilidade para encontrar seus companheiros, e apesar de alguns drops, o nível de Zay Flowers e Isaiah Likely subiu muito, extinguindo de vez o mito de que só Mark Andrews jogava nesse ataque.
A velocidade talvez seja a principal arma desse ataque. Com muitos Motions e Corta Luz, os recebedores confundiram a secundária de San Francisco, que sempre se posicionava em um lado para deixar um recebedor surpresa - livre - no outro.
Brock Purdy, por sua vez fez um jogo bem previsível. Dependente de sua OL, precisava estar protegido para achar o tão repetido passe para o meio do campo, que ora era uma primeira descida pronta; outra, algumas jardas pós recepção. Sempre buscando Kittle, Ayuk e Samuel, jogadores fortes e rápidos, pouco explorou a profundidade do campo, deixando seu ataque bastante previsível.
Percebendo isso, os Ravens compactaram sua marcação, com Safetys muito próximos e até muitas vezes na linha de primeira descida. Com isso, o tempo de reação dos Niners diminuiu muito e as tão necessárias jardas pós recepção, foram sumindo.
Fora isso, era perceptível que Purdy pressionado não faria nada no jogo, com isso, Baltimore foi inteligente e entendeu que Trent Williams era o elo forte desse ataque e começou a postar muitos jogadores pelo lado esquerdo.
Sem tempo de reação pelo seu melhor lado, o camisa 13 foi presa fácil para a explosiva defesa de Baltimore, que conseguiu 4 interceptações e um festival de sacks, minando o ataque adversário.
A indução à alvos marcados, o fechamento de várias janelas de passe e a diminuição do tempo de processamento fez com que o QB fosse anulado no jogo. A pressão foi tanta que a OL ao fim da partida estava toda reserva, com Trent Williams lesionado inclusive.
A fadiga exacerbada mostra que a pressão incessante funcionou e que Purdy ainda não tem capacidade de achar uma rápida solução quando a casa cai ou quando recebe pouca proteção de seus bloqueadores.
Christian McAffrey até conseguiu colocar o ataque para funcionar, mas a partir do momento em que os Ravens conseguiram ler as corridas do camisa 23, fecharam seu famoso espaço pela esquerda e diminuíram seu tempo de ir para a direita. Com isso, seu desempenho caiu, porém, marcou um touchdown na partida.
Alguns tentarão vender a história de que Sam Darnold deveria ser titular porque fez drives consistentes, porém, o camisa 14 pegou uma defesa metade cansada, metade reserva, se apoiou no jogo corrido e foi interceptado em uma quarta descida. A culpa não é dos QBs, mas mérito da defesa dos visitantes.
Essa partida prova que Purdy apesar de bom QB, não apresenta - pelo menos por ora - mínimas condições de ser um MVP e não há nenhum problema nisso. O jogador está em plena evolução e é absolutamente normal que seja dependente de outras peças no ataque.
Lamar cala os críticos e, em um Primetime demonstra completa capacidade e qualidade de receber seu segundo MVP e pode sacramentar sua Seed 1 contra os Dolphins, em Baltimore.
O Ravens demonstra ter um ataque completo, veloz e inteligente e uma defesa de mesmas características. Um jogo que serve para colocá-los como favoritos e coroa a boa temporada que vem fazendo.
No duelo de favoritos ao SuperBowl, venceu aquele que leu melhor a partida e que tinha mais ferramentas para isso.
No embate entre os favoritos ao MVP, venceu o melhor, mais completo, mais constante e que tem capacidade de agir sem alguns de seus melhores companheiros.
Definitivamente um dos bons MNF da temporada, que elucidou muitas coisas sobre jogadores e equipes. Os Niners aprenderam que não são imbatíveis e que do outro lado, existem equipes muito fortes.
Os Ravens comprovaram que tem um dos elencos mais fortes de toda a liga, carimbaram o favoritismo ao SuperBowl, colocaram seu principal jogador no rumo ao MVP e de quebra, tem uma situação muito favorável a Seed 1 de sua conferencia.
O futuro é promissor para ambas as equipes e o risco de uma revanche no SuperBowl é maior do que muita gente pensa.
*As opiniões aqui emitidas são de total responsabilidade de seus autores e não necessariamente refletem a opinião do Dimensão Esportiva.
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