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OPINIÃO: Vitória ainda tem mentalidade de clube grande

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Reprodução: @ECVitoria


Dos quatro clubes que conquistaram o acesso, a equipe do Vitória parece ser a mais consciente no quesito montagem de elenco. Sem buscar nomes demasiado caros ou sem fazer mercados extremamente alternativos, o Leão da Barra caminha a bons passos de construir um elenco sólido e consistente.


Apesar das falas delirantes do presidente Fábio Mota em relação a classificação para a Libertadores, uma notória inflação para a torcida que já está extasiada com o titulo inédito, a diretoria do Vitória se mostra consciente em relação a gestão de elenco, mercado e orçamento para a primeira divisão.


A quitação da dívida referente a Jordy Caicedo, que havia gerado um transferban, foi o primeiro passo para uma primeira janela longe de problemas. O segundo grande acerto foi em relação a avaliação do elenco de 2023.


Com renovações pontuais, apenas 7 atletas que tinham seu vínculo encerrando ao fim da temporada renovaram. Entre empréstimos, vendas e saídas, 22 atletas ficam no passado da instituição.


Fora os jogadores que já tinham contrato, os outros 7 jogadores que ficam na equipe em 2024 têm critérios técnicos, estruturais e de experiência. Muitos jogadores acima dos 30, que tiveram rodagem em primeira divisão e que foram titulares durante a campanha.


A manutenção de Léo Condé foi outro ponto essencial. Manter o treinador que colocou sua equipe na elite, além de dar a ele condição de trabalho para ser competitivo em âmbito nacional é uma linha que anda colada com o sucesso esportivo.


Sair de nomes comuns do mercado foi mais uma cartada grandiosa da diretoria. Condé surge após bons trabalhos em Grêmio Novorizontino e Sampaio Corrêa. A juventude e a inovação, aliados a facilidade de trabalhar com orçamentos modestos foi o casamento perfeito, culminando em título e acesso demasiado tranquilo.


Falando em orçamento, a conta para esse ano é ousada. R$ 218 milhões, podendo alavancar para R$ 310 milhões caso ocorra o recebimento das verbas da Libra.


Números pouco modestos quando se fala de um retorno a primeira divisão. O orçamento do Ceará, clube da mesma região, quando disputou sua primeira série A em algum tempo, teve apenas 64 Milhões de orçamento. Óbvio que fatores como inflação pós-pandêmica, consolidação de marca e impacto de torcedores mudam esses valores positiva ou negativamente.


Entre os números mais "inflacionados" está o de venda de atletas. É um clube que não possui nenhum jovem prodígio despontando, e muito dificilmente deve vender seus grandes destaques logo de início. Uma venda pós-campeonato possa ser o ideal, porém, sigo curioso de onde irá sair esse valor elevado em vendas.


Se as metas financeiras podem parecer loucura, as esportivas são totalmente plausíveis. Final do Campeonato Baiano é tratado como obrigação dentro do clube, finais da Copa do Nordeste, apesar de mais complexo, é bem plausível se tendo jogadores de Série A.


No Brasileiro, algo bem modesto e extremamente realista. Apenas a permanência e uma simples "passada" de fase na Copa do Brasil. O "décimo sexto ou melhor" é resultado de competência, seja ela dentro ou fora de campo, já a Copa do Brasil me parece verossímil pelo fato do Leão já começar no pote 1 da terceira fase.


Mesmo com falas megalomaníacas, Fábio Mota mostra destreza em observar a realidade. Sabendo que não precisa de muito para voltar a incomodar no ambito Nordeste, mas entendendo que se necessita do triplo do esforço para ser um clube constante de meio de tabela, pretende construir sua história na Série A degrau por degrau.


Já que o clube sabe onde pisa fora do campo, será que ele sabe selecionar bem quem vai pisar dentro dele? Como dito anteriormente, fizeram uma boa limpa no elenco, e a margem para novos atletas é bem positiva.


Fazendo um mercado bem mesclado, busca primeiro suprir carências cruciais. Chegadas de Patric Calmon e Willian Oliveira, jogadores com uma idade ok e com boa rodagem em primeira divisão.


No quesito sondagens, nada fora do padrão: Subiu da B para A. Aquele clássico destaques da B + Jovens promessas do G12 + Jogadores veteranos + Pessoal que já estava aqui, o ideal para se formar uma base constante.


Enquanto o Juventude faz um mercado alternativo e pouco inteligente, contratando jogadores de meio de tabela da Série B, o Vitória busca diversidade, fazer uma união de características que tornem o time seguro, mais próximo de um Cuiabá do que de um CSA.


A torcida e o Barradão serão de grande ajuda. Não só pelo sócio e arrecadação de ingresso, como também pelo fator pressão. O estádio Manoel Barradas impõe respeito, e quando lotado, assusta muitas equipes tal qual os tão falados estádios argentinos.


O fator casa importa, e historicamente o Vitória é um grande mandante, podendo criar uma armadilha em Salvador e conquistar muitos pontos de equipes do eixo Sul-Sudeste.


Ter um estádio histórico e uma torcida apaixonada é bom para clube e campeonato, e pelo andar da carruagem, podemos e espero que vejamos essa união durante muitos e muitos jogos.


Apesar de um orçamento exageradamente positivo, o Vitória volta para a primeira divisão com indícios de ser um clube mais profissional, bastante realista e com potencial de montar um elenco bem competitivo.


Caso o produto seja condizente com a encomenda, o torcedor rubro-negro deve ficar esperançoso enquanto ao futuro do clube, não apenas se tratando de sucesso regional, mas sonhando com longevidade e estabilidade na elite nacional, algo condizente a grandeza do clube e de sua torcida.

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