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Talvez a gente se encontrou na hora errada


Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians


"Melhor eu ir, tchau, melhor o final, melhor assim, melhor pra mim e pra você também". É, a música do ilustre corinthiano Péricles cabe, perfeitamente, nesse momento, para falar sobre a saída de Sylvinho do Corinthians, demitido após a derrota para o Santos, em Itaquera, por 2x1.


O, agora, ex-treinador corinthiano termina sua passagem pelo Timão com um aproveitamento de 48% em 43 jogos (16 vitórias, 14 empates e 13 derrotas). A expectativa em Sylvinho nunca foi grande por parte da torcida, mas era possível esperar algo interessante, já que o ex-lateral-esquerdo foi auxiliar de grandes técnicos como Tite e Roberto Mancini, além de ter os cursos mais renomados para treinadores e ter uma pequena experiência como técnico do Lyon, sendo o primeiro treinador brasileiro a disputar a Champions League desde Luxemburgo em 2005.


Porém, isso não foi o suficiente. Sylvinho acabou se perdendo em um contexto para o qual ele, claramente, não estava pronto: se agarrou muito a convicções que, visivelmente, estavam erradas, seja em jogadores que não estavam rendendo, ou o 4-1-4-1 que muitas vezes não funcionava, além da postura terrível do time quando tinha a vantagem, sendo amassado pelos seus adversários e dependendo do talento de seus goleiros para não sofre viradas.


Sem contar, naquela que deve ter sido a gota d'água: a arrogância que ele mostra em alguns momentos para tentar defender o indefensável, como achar que o time jogou ofensivamente em um jogo onde foi amassado pelo Santo André, só por ter um ponta jogando de meio campo.


O treinador se perdeu totalmente dentro seu trabalho e isso levou a condenação atrasada na derrota contra o Santos. Atrasada porque Sylvinho já não merecia ter iniciado a temporada no comando técnico, mas foi mantido numa decisão, totalmente, equivocada da diretoria corinthiana, que corrigiu o erro ainda com três rodadas do estadual.


Quando chegou ao Corinthians, em maio do ano passado, Sylvinho tinha uma missão: comandar a reconstrução do time paulista. Um time que tinha um elenco de qualidade questionável e chegava no Brasileirão como uma verdadeira incógnita, fazendo sua torcida temer pelo descenso.


Sylvinho até ia conseguindo cumprir a expectativa mínima e manteve o Corinthians distante da zona de rebaixamento. Teve méritos, descobriu o ótimo primeiro volante que Cantillo pode ser, recuperou o futebol de Gil e assim o Corinthians foi conseguindo se aproximar do primeiro objetivo que era fugir do Z4.


Mas, por incrível que pareça, a coisa começou a azedar para ele quando chegaram os reforços. Giuliano, Renato Augusto, Roger Guedes e Willian chegaram para tentar levar o Corinthians de volta ao topo do futebol brasileiro, mas Sylvinho não estava pronto para isso.


O time teve até algumas atuações interessantes como as vitórias contra Palmeiras e Santos e o empate contra o Bragantino, mas muito pouco para um time muito estrelado. Sylvinho chegou para se desenvolver junto com um time que precisava ser lapidado para gerar resultados em um longo prazo, mas acabou tendo que se desenvolver enquanto construía um time em curto prazo.


Tudo isso escancarou um fato: Sylvinho pode ter muito conhecimento, mas não soube por isso em prática e mostrou que ainda não estar preparado para um time com as pretensões do Corinthians de 2022.


Isso condenou a carreira inteira de Sylvinho? Não. Ele mostrou que não estava pronto para o desafio Corinthians 2022, mas ele tem conhecimento, ele tem preparo, ele pode recomeçar sua carreira em outro lugar.


Por mais que tivesse uma experiência maior, o maior da história alvinegra, Tite, também passou por isso. Pegou o horrível time de 2004, manteve na Série A, recebeu reforços milionários da MSI, não conseguiu montar o time que se esperava e foi demitido no início de 2005. Em 2010, voltou para se tornar o maior técnico da história do Corinthians. Também não estou dizendo que Sylvinho fará o sucesso que Tite fez, mas digo que ele pode, muito bem, se desenvolver como treinador em outros times e voltar mais pronto no futuro. Ele veio na hora errada e pagou por isso.


Quem será o próximo técnico do Corinthians? Qual será o próximo time de Sylvinho? Não sei, mas acredito que essa história não acabou, apenas foi pausada. Que Sylvinho seja humilde, reconheça seus erros e evolua, pois aí, quem sabe, chegará a hora certa para ele treinar o Corinthians.

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