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Foto do escritorPedro Julião

Blog do Julião #02: Acredite, aconteceu.

No episódio 02, contamos a história de ouro do Paysandu Sport Club, que disputou a Libertadores, venceu o Boca na Bombonera, e atualmente desfruta a volta à segundona brasileira.


Paysandu erguendo o troféu de campeão da Copa dos Campeões de 2002. Reprodução: Marcos Michelin/Estado de Minas.

Era para ser mais um dia normal em Belém, com mais uma edição do jornal “O Estado do Pará” circulando nas ruas e nas mãos de seus leitores. Mas a edição de 7 de dezembro de 1913, trouxe uma nota que mudaria a história do esporte paraense. Na terceira página do periódico, havia uma crônica esportiva que noticiava que alguns membros da elite do futebol local, elementos do Nort Club e outros envolvidos, estavam interessados em fundar um novo clube, o Paysandu Club. Depois de vários encontros e muitas decisões tomadas, no dia 2 de fevereiro de 1914, no mesmo jornal e página, noticiavam um convite para, enfim, sacramentar a fundação do Paysandu Foot-ball Club.


Porém, o Paysandu Foot-ball Club não durou muito tempo. Sabe por quê? No dia 19 de fevereiro do mesmo ano, três semanas depois de sua fundação, foi decidido por meio de reunião que seria o fim do “Foot-ball Club” para a chegada do “Sport Club”, nome que carrega até hoje.



UNIFORME E TORCIDA


Depois de longas reuniões para a decisão do uniforme do time, ficou decidido o uso da camisa azul-celeste e branca em listras verticais, que até hoje é levado como sagrado. Tanto que sua torcida, dentre diversos nomes, é conhecida como Bicolor e Alviceleste. Dentre os outros nomes, temos um dos mais conhecidos: Papão da Curuzú.


Torcida essa que não abandona o time em hipótese alguma; a fiel bicolor é famosa no norte do Brasil por lotar tanto o Estádio da Curuzú, casa do Paysandu, quanto o Mangueirão.



O INÍCIO DO SONHO


Tudo começou na temporada de 2001, com o título Paraense conquistado em cima do Remo, seu maior rival. Com um 4x0 na 1ª partida da final, um empate em 0x0 no jogo de volta garantiu mais um título estadual para o Papão. Além do troféu de campeão, garantiu vaga para a Copa do Brasil e a Copa Norte de 2002.


Isso foi apenas um esquenta para o ano que terminou com o título da Série B do Campeonato Brasileiro, o segundo de sua história (o primeiro foi em 1991). Com um sistema de disputa de dois grupos com 14 times cada, os 4 primeiros de cada grupo classificavam para as quartas de final. O 13º e 14º de cada grupo eram rebaixados automaticamente à Série C, e os 11º e 12º de cada grupo se enfrentavam em cruzamento para definir os outros dois rebaixados.


O Alviceleste garantiu a melhor campanha no geral; com turno e returno dentro do próprio grupo, foram 26 jogos, com 12 vitórias, 11 empates e apenas 3 derrotas. Nas quartas de final, enfrentou o União São João e, com dois placares de 0x0, acabou se classificando por ter a melhor campanha.


Com os 4 classificados definidos, voltamos à fase final para um sistema de pontos corridos, onde todos se enfrentam em ida e volta. E foi assim que o Papão se sagrou campeão da 2ª divisão e voltou à elite do futebol brasileiro.


O Paysandu contou com a ajuda do vice-artilheiro do campeonato, com 14 gols. Vandick foi um nome importantíssimo para essa campanha.


Vandick, artilheiro do time na campanha do título da Série B de 2001. Reprodução: Raimundo Paco/ Arquivo O Liberal.

2002 – O ano das conquistas


Início de mais um ano, e sendo assim, mais um título paraense para a conta após derrotar, dessa vez, o Tuna Luso, com o agregado de 6x1 para o Paysandu.


Com o título estadual do ano anterior, o clube se classificou para a Copa Norte. Depois de uma campanha impecável na Copa Norte, a equipe se sagrou campeã, com um agregado de 4x0 contra o São Raimundo, e conquistou o direito de participar da Copa dos Campeões 2002.


A Copa dos Campeões teve ao todo 3 edições. As vagas para a última edição realizada em 2002 foram distribuídas da seguinte forma: Rio-São Paulo com 6 vagas, Copa Sul-Minas com 4 vagas, Copa do Nordeste com 3 vagas, e Copas Centro-Oeste e Norte com 1 vaga cada. Com 4 grupos de 4 times, os 2 melhores de cada grupo avançaram para a fase eliminatória.


O Paysandu avançou em 1º lugar no grupo A, com 5 pontos. Foram 3 jogos, sendo 1 vitória e 2 empates. Nas quartas de final, venceram o Bahia por 2x1, com direito ao gol da classificação saindo de pênalti no fim do jogo.


A um passo da final, o Papão enfrentou o Palmeiras e, mesmo saindo atrás no placar, virou o jogo e venceu por 3x1, avançando assim para a decisão. A final foi disputada em jogos de ida e volta, jogando no Mangueirão para mais de 50 mil pessoas, o Paysandu acabou sendo derrotado pelo Cruzeiro por 2x1 na partida de ida. Muitos poderiam cravar o título da equipe mineira; porém, os bicolores reverteram o placar. 4x3 foi o placar no jogo da volta, com direito a hat-trick de Vandick. Com um agregado de 5x5, a partida foi para as penalidades. Com gols de Jóbson, Wélber e Gino, o Paysandu se sagrou campeão da Copa dos Campeões e se tornou o primeiro e até então único time do Norte a se classificar para a Copa Libertadores da América.


Vandick, mais uma vez, foi destaque e foi o vice-artilheiro da competição, com 5 gols em 7 jogos. Destaque para o gol da virada contra o Náutico na fase de grupos e o de empate contra o Palmeiras na semifinal.



2003 – A inédita Libertadores


No campeonato estadual, o Paysandu, depois de liderar a 1ª fase com uma campanha invicta (7 jogos, sendo 6 vitórias e 1 empate), já na 2ª fase, acabou se despedindo da competição após uma derrota para o Águia de Marabá por 1x0. Um empate contra o Tuna Luso e uma vitória contra seu maior rival, o Remo, por 2x0, não foram suficientes para se classificar para a final. Isso porque o papão terminou com o saldo de gol 1, enquanto o Tuna Luso terminou a 2ª fase com saldo de 2 gols.



Campanha


Com o grande feito de ser até hoje o único time da região Norte do Brasil a disputar a Libertadores, o Paysandu encarou na fase de grupos do torneio: Cerro Porteño (Paraguai), Sporting Cristal (Peru) e Universidad Católica (Chile).


Estreando fora de casa contra o Sporting Cristal, o Paysandu não tomou conhecimento e conquistou sua primeira vitória na competição, vencendo por 2x0 com gols de Robgol e Sandro Goiano.


Estreando ao lado de sua torcida no Mangueirão e com um jogo bastante disputado, o Alviceleste saiu com um empate em 0x0 contra os paraguaios do Cerro Porteño.


Para fechar os jogos de ida da fase de grupo, o Papão até saiu atrás do placar contra a Universidad Católica, mas com gols de Velber e uma noite inspirada de Robgol com 2 gols, fecharam a conta em 3x1 e somaram mais 3 pontos para o time do Paraense.


No último jogo ao lado de seu torcedor na fase de grupo, o Paysandu não tomou conhecimento e venceu por 2x1 o Sporting Cristal, garantindo assim a classificação antecipada para as oitavas de final.


Já classificado e jogando fora de casa contra o Cerro Porteño, muitos poderiam pensar que o bicolor foi a passeio no Paraguai, certo? Errado. Com uma atuação histórica, o Paysandu venceu os donos da casa por 6x2, com dois gols de Velber, Robgol e Iarley.


Um empate simples na última rodada contra os chilenos foi o suficiente para garantir o 1º lugar invicto no grupo, com 6 jogos – 4 vitórias e 2 empates.



A disputa com o Boca Juniors


Jogando contra uma La Bombonera lotada e vendo seu artilheiro, Robgol, ser expulso aos 20 minutos da etapa inicial após uma discussão com Clemente Rodriguez, o árbitro Carlos Amarilla optou por deixar ambos os times desfalcados. Aos 10 do 2º tempo, o meio-campista Vanderson também foi expulso. Porém, aos 23 minutos da etapa final, após jogada individual, Iarley bate para o gol e faz Boca 0 x 1 Paysandu.


Até aquele momento, poucos times tinham vencido o Boca jogando em casa, dentre eles o Santos de Pelé.


Com quase 60 mil pessoas no Mangueirão, o Papão foi derrotado pelo Boca por 4x2 e deu adeus ao sonho da Copa Libertadores. A equipe argentina contou com uma noite mágica de Schelotto, que marcou 3 gols naquela noite. O Boca foi o campeão da Libertadores deste ano.


Os guerreiros que enfrentaram o Boca em La Bombonera. Reprodução: Arquivo O Liberal

BRASILEIRÃO 2003


Eliminado da Libertadores, o Paysandu tinha uma única missão: permanecer na Série A. Objetivo esse que foi conquistado, mas de forma dramática.


A edição de 2003 contou com a atuação do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), por escalar 3 jogadores de forma irregular (Aldrovani, Júnior Amorim e Borges Neto). O Paysandu acabou perdendo 8 pontos e terminou o campeonato na 22ª colocação (a última fora da zona de rebaixamento).


Uma partida daquela campanha foi memorável: a vitória em casa na 6ª rodada sobre o São Paulo por 5x2, com destaque para Robgol, autor de 3 gols em um intervalo de 8 minutos ainda no 1º tempo.


Robgol marca um "hat-trick" em 8 minutos contra o São Paulo. Reprodução: Raimundo Paccó/O Liberal

O Papão hoje em dia


O ano de 2023 não começou muito bem para o bicolor. No estadual, foi o 3º colocado, sendo eliminado na semifinal para o Águia de Marabá, que foi o campeão da edição de 2023. Na Copa do Brasil, foi eliminado na 3ª fase contra o Fluminense, com dois placares idênticos para a equipe carioca: 3x0 na ida e 3x0 na volta.


Na final da Copa Verde, também não deu para o Paysandu; acabou sendo derrotado na decisão para o Goiás. Depois de perder no Mangueirão por 2x0, não conseguiu a vitória no Serrinha e foi novamente batido por 2x1.


Atualmente, o Paysandu disputou a Série C do Campeonato Brasileiro, onde 20 clubes se enfrentam em turno único, e os 8 melhores avançam para a próxima fase, denominada de Quadrangular de Acesso. Os classificados são separados em 2 grupos com turno e returno dentro do próprio grupo. Os 2 melhores de cada grupo garantem vaga na Série B de 2024; os primeiros colocados de cada grupo disputam o título em jogos de ida e volta.


O Paysandu na 1ª fase se classificou em 7º lugar, com 19 jogos – 8 vitórias, 5 empates e 6 derrotas.


Na 2ª fase, o Papão garantiu na 2° colocação do grupo B e carimbou a vaga na Série B de 2024. O Paysandu se garantiu na segunda divisão com uma derrota para o Volta Redonda no Rio de Janeiro, a classificação veio no critério saldo de gols, o bicolor terminou com 1 gol de saldo e o Volta Redonda -1 gol. O time de Hélio dos Anjos fez história e subiu depois de 5 anos na terceirona.



Bate papo com os ídolos do Papão da Curuzu: Robgol e Vandick


Nessa experiência que tive contando sobre o Paysandu, tive a honra de entrevistar os ídolos do papão da época de ouro. Robgol e Vandick foram bem acessíveis comigo, e em nome do Dimensão Esportiva, agradeço por terem me recebido virtualmente para esse bate-papo. Você acompanha as entrevistas completas nos links abaixo:


Robgol:


Vandick:



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