Foto: Reprodução/Pedro Hernandes.
Eles existem no mundo inteiro e não cansam de festejar nos concretos de cimento queimado de domingo à domingo, onde quer que seja. Cada qual a representar sua instituição, cores, bandeiras e símbolos. Quando você escolher seguir uma equipe, você automaticamente faz parte deles. Uns se manifestam assim, outros assado. São diversas maneiras de se manifestar, mas todas com a mesma semelhança que os move: a paixão. Paixão pelo desconhecido ou desconhecida que te representa dentro do campo defendendo o seu clube. Paixão por aquelas cores, por aquela camisa. Paixão por aquele sentimento. Paixão esta que mesmo com suas milhares de diferenças enquanto indivíduos, os tornam iguais em questão de segundos e os faz querer abraçar o desconhecido do seu lado no suspiro de desabafo que ecoa nas arquibancadas ao barulho de bola na rede e do grito de “GOOOOOOOOL”.
Eles são o coração de tudo. São eles que fazem a festa. Talvez se não existissem – ou melhor, se não existíssemos, já que este que vos escreve também faz parte deste grupo de milhões de pessoas–, o futebol não teria tamanha popularidade, não teria a mesma graça e nem de perto o mesmo barulho. Estejam em dezenas, centenas ou milhares, todos se tornam um, unidos em um só objetivo: empurrar seu time à vitória.
Quando penso neles, gostaria de imaginar apenas as boas lembranças e os belíssimos mosaicos à la arte moderna exibidos nas arquibancadas. Entretanto, ultimamente eles têm deixado a desejar. Em um espaço que deve ser de união e igualdade, há a necessidade de entender que o direito e o respeito valem a todos e que a intolerância não deve mais ter espaço. Mas, infelizmente, ainda existem alguns que não conseguem entender que os comportamentos do passado não cabem mais aos comportamentos do presente. Os mesmos que promovem a festa provocam a alma. A famosa turma do “não se pode falar mais nada hoje em dia” não entende que é justamente esse tipo de pensamento retrógrado que atrasa o futebol e ajuda a proliferar os mais variados tipos de preconceito em um espaço que deveria ser de segurança e de liberdade de expressão: a arquibancada. É claro que pode falar, xingar, se manifestar e seja lá o que for, mas agora, de um jeito diferente. Tudo mudou, assim como a forma de torcer, ainda bem! Aliás, este que vos fala estaria sendo hipócrita se falasse que nunca cometeu algum tipo de preconceito ou manifestação que fira o direito da outra pessoa na arquibancada, porém, como dito anteriormente, tudo mudou, ainda bem. E se a forma de torcer também, é hora do ser humano mudar e se conscientizar para não insistir nos mesmos erros de sempre.
O “bicha, viado, bambi, macaco, vagabunda” e seja lá o que mais existir dentro de um estádio não cabe mais. Para a turma do “não pode falar mais nada hoje”, é claro que pode, mas com respeito acima de tudo, para que o espírito de igualdade resista na “bancada” e o combustível que os mova continue sendo a paixão pelo semelhante e não o ódio pelo diferente.
No cimento queimado da arquibancada, faça chuva ou faça sol, em boa ou má fase do time, estes são os torcedores de futebol e as diferentes facetas daqueles que alimentam a festa e dão vida à arquibancada.
Foto da capa: Reprodução/Pedro Hernandes.
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